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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Respeitar os idosos é aceitar o próprio futuro




O que temos ensinado aos nossos filhos a respeito da velhice? Pelo jeito, não temos passado boas lições sobre o assunto, Veja está Historia acomodados nas cadeiras disponíveis em certo local estavam vários jovens e adultos e, em pé, várias senhoras -com mais de 70 anos-, uma delas cega. Parece que ninguém "viu" as idosas, ou seja, ninguém cedeu o lugar mais confortável a elas.

"O que aconteceu? De quem é a culpa pelo comportamento dessa geração que não se importa se um senhor com bengala está em pé com muito custo? Das escolas? Dos pais, que não ensinam o respeito aos outros -ou, se ensinam, praticam o oposto?" A indignação e a reflexão de nosso leitor, expressas nessas perguntas, fazem muito sentido. Só que pais e escolas não estão sozinhos nessa história.

É bom lembrar que vivemos um tempo em que ninguém quer envelhecer: usamos todos os recursos para maquiar a idade e temos bons motivos para isso. O velho não é bem-visto -nem sequer é visto- pela sociedade. Quem tem mais de 50 anos tem dificuldade para arrumar emprego, encontrar um parceiro quando está sozinho, ter um programa de lazer adequado e ser respeitado pelas crianças e pelos jovens. A Palavra "coroa" deixou de ter um sentido carinhoso -se é que um dia já teve- e passou a ser pejorativa. Ofende-se quem é chamado de "coroa", mas a mesma pessoa pode sentir-se orgulhosa quando o adjetivo escolhido é "animal".

Recentemente, pudemos ler a seguinte nota na revista "Veja": "Bruna Lombardi estrela a edição de março da revista "Vip" disposta a provar que uma cinquentona, com a genética e os ângulos certos, pode continuar a ser considerada mulher". O recado social é claro: depois dos 50, perde-se a humanidade e a cidadania. Se não admitimos envelhecer, faz sentido ignorar que é preciso ensinar crianças e jovens a respeitar os idosos, não é? Fazemos de conta que quem é velho já morreu e pronto.

Respeitar o velho -escondido até na denominação "terceira idade" ou "melhor idade"- não é apenas uma questão de bons modos. Respeitar o idoso é reverenciar a experiência de vida, o conhecimento, a sabedoria acumulada de quem viveu e aprendeu, de quem sofreu, de quem tem um passado e uma história, de quem colaborou com a construção desse mundo e de quem deu a vida a quem hoje é jovem. Respeitar o velho é preservar nossa memória, aceitar o futuro e reconhecer o passado. Mas parece que o que vale hoje é o presente: viver o aqui e o agora é Imperativo. Vivendo assim, como será o amanhã?

Temos um problema: a população brasileira envelhece, e os dados do censo são prova disso. Que contradição é essa que nos faz cegos a essa realidade? Ensinar e estimular crianças e jovens a conviver com os velhos pode ser positivo para ambos: aos mais novos, para que aprendam sobre a vida e a importância dos vínculos afetivos e dos compromisso assumidos, e aos mais velhos, para que ganhem um sopro de alegria, de entusiasmo, de esperança.
Uma velha Senhora fazia suas compras acompanhada da neta de mais ou menos 12 anos, que, consciente da importância de seu papel, desempenhava-o de modo exemplar. Apontava o que a avó precisava, perguntava as preferências dela, dirigia o carrinho, fazia tudo o que fosse necessário para poupar a avó o mais que pudesse. De tão inusitada, a cena chamou a atenção de outra mulher que não se conteve e disse: "Muito bem, ajudando a avó a fazer compras; meus parabéns!".

O lugar destinado ao velho em nossa sociedade se expressa na educação que damos a filhos e alunos. Temos, no mínimo, um motivo bem egoísta para ter mais cuidado com essa questão: vamos envelhecer. E nossos filhos também. Por incrível que pareça.
Extraido da Folha de São Paulo, caderno Equilíbrio, 27/3/2003

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Prevenção de úlcera de decúbito no idoso



A úlcera de decúbito ou úlcera de pressão está entre as condições mais evitáveis e mais freqüente nos idosos imobilizados. Quatro fatores contribuem para o desenvolvimento da úlcera: pressão no local, forças de cisalhamento, fricção e umidade. Estas úlceras desenvolvem-se nas áreas do corpo (mais comumente nas regiões de proeminências ósseas) expostas a pressão prolongada. A sua prevenção evita muitos transtornos e dores para o idoso acamado ou com imobilidade.

Constituição da pele

A pele é formada por duas camadas primárias e uma camada de gordura subcutânea. A epiderme é constituída principalmente de ceratinócitos, que impermeabilizam a pele. Camadas distintas de células mantêm a função da epiderme � medida que as células amadurecem a migram em direção a superfície. As células de Langerhans são responsáveis pela função imunológica, e os melanócitos protegem a pele da radiação ultravioleta.

A derme é formada por uma camada papilar, que adere e nutre a epiderme, e uma camada reticular. A derme consiste em fibroblastos em um mar de colágeno, fibras elásticas e substância fundamental. Tanto a estrutura das fibras na derme como a sua organização é responsável pela tensão e elasticidade da derme. O esgarçamento ocorre mais facilmente na pele do idoso.

A gordura subcutânea é responsável pelo isolamento térmico e pelo acolchoamento das protuberânceas ósseas. Indivíduos edemaciados estão propensos a um risco elevado de úlceras de pressão devido falta de tecido mole entre a pele e as protuberânceas ósseas, ocasionando as úlceras de pressão.

As úlceras de pressão são causadas por diversos fatores, incluindo pressão, atrito, fricção, umidade excessiva, calor ou ressecamento da pele e falta de nutrição. Tanto o tempo de contato como a pressão sobre uma superfície corporal devem ser considerados na avaliação do risco da lesão da pele.

O estadiamento das úlceras de pressão baseia-se no tecido comprometido e, portanto, um estadiamento reverso não pode ser realizado. Com referência ao posicionamento e � pressão, devem ser consideradas as composições corporais do cliente, o estado mental e a superfície de apoio. São discutidas diretrizes para a escolha de superfícies de apoio adequadas, assim como a necessidade de uma avaliação nutricional e psicossocial correta.

Prevenção

Algumas abordagens devem ser realizadas para prevenir a úlcera de pressão, como:

1. Mudança de decúbito - Mudança de decúbito do paciente acamados ou debilitados de 2/2hs, e sempre evitar deixar o paciente em atrito com a área lesada. Para as mudanças de decúbito devem ser considerados os déficits neurológicos, lesão muscoloesqueléticas ou áreas particulares da pele com risco elevado de formação de úlceras. Lembrando sempre que o paciente nunca deve ficar posicionado diretamente sobre a úlcera, e se isto for impossível, ele deve estar sobre uma superfície redutora de pressão.

2. Cuidados com os pontos de apoio - Para evitar lesão causada pelo contato das proeminências ósseas umas com as outras,deve-se usar travesseiros, cunha de espuma ou outros dispositivos para manter os joelhos e os tornozelos separados. Qualquer pessoa com mobilidade comprometida que esteja restrita ao leito deve ter um dispositivo que alivie totalmente a pressão sobre os calcanhares fora do leito. Isto pode ser feito simplesmente colocando-se travesseiros sob as pernas ou pode incluir dispositivos mais complexos, almofadas em forma de rosca nunca devem ser usadas pelo paciente com risco de desenvolver úlceras de pressão.

IMPORTANTE - Não deve-se utilizar luvas de látex, nos calcanhares do paciente, pois este procedimento pode ocasionar mais ainda no aparecimento de úlceras de pressão.

3. Colchonetes especiais - Colchonetes especiais contendo ar, espuma, gel ou água, a profundidade recomendada para os com o gel é de 13 cm, e 7,5 cm para colchonetes com água.

4. Massagem de conforto - Massagem de conforto com ácido graxos essencial, pode trazer um alívio da dor, e auxiliar na circulação sanguínea, evitando o aparecimento das úlceras de pressão.

5. Nutrição - O estado nutricional é de extrema importância para os pacientes acamados, pois a dificuldade de se alimentar pela boca, ocasiona uma perda de peso involuntária, imobilidade, estado mental alterado e déficit cognitivo. As diretrizes recomendam encorajar a ingestão dietética e a suplementação da dieta, se o indivíduo estiver desnutrido, recomenda-se auxílio nutricional através de sonda ou outros meios necessários.

6. Apoio psicológico - Os aspectos psicossociais necessitam muito do auxílio dos cuidadores, pois inclui no fato que o paciente precisa compreender o plano de tratamento e estar motivado para aderir ao plano, precisa compreender valores, e adaptar a um estilo de vida adequado. Estes recursos não são apenas financeiros, mas também incluem a capacidade de entender e acompanhar o plano de tratamento.

Todos estes parâmetros auxilia na prevenção da úlcera de pressão, mas para cada paciente deve se criar um plano de mudança de decúbito, pois este plano deve ser individual pois depende da imobilidade de cada paciente. Porém, para poder prestar uma assistência adequada ao paciente, precisamos da cooperação principalmente do paciente, cuidador e família.